"Santa Teresa sem o bonde é como o Corcovado sem o Cristo Redentor. O bairro fica descaracterizado", diz o aposentado Oswaldo, morador do bairro na região central do Rio de Janeiro há 68 anos e dono de muitas histórias que envolvem o tradicional bondinho.
Fora dos trilhos desde agosto de 2011, quando um acidente matou seis pessoas e deixou mais de 50 feridas, o novo Bonde de Santa Teresa ainda não tem cara. Previsto para fevereiro deste ano, o projeto ainda não foi apresentado ao governo estadual pela empresa vencedora da licitação, o que deve vai atrasar a volta dos bondes ao bairro, segundo avaliação do Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Rio de Janeiro). O governo informou, em nota, que o protótipo deverá ser entregue até o fim deste mês.
De acordo com o Conselho, são necessários um ano e seis meses para colocar o bonde em circulação: um para construí-lo e o restante do tempo para realização de testes de segurança. A primeira previsão do governo estadual era de que o bonde estivesse circulando no primeiro trimestre de 2014. A última informação divulgada pela Secretaria Estadual da Casa Civil, no entanto, é de que ele estará funcionando no fim do primeiro semestre do ano que vem, quase três anos depois de ter saído de circulação.
"As ladeiras de Santa Teresa são muito íngremes, com curvas bem fechadas, então os testes com os bondes têm que ser feitos lá mesmo e não na fábrica, onde as condições são outras. O governo vai ter que correr bastante pra colocá-lo para funcionar no prazo que deu. Não é um bonde, são 14", explica o engenheiro Luis Antonio Cosenza, vice-presidente do Crea-RJ.
De acordo com a Secretaria Estadual da Casa Civil, os 14 bondinhos fazem parte da nova frota do projeto de revitalização do Sistema de Bondes de Santa Teresa, que inclui ainda troca dos trilhos e trajeto 30% maior, passando de 7,2 km para 10,5 km.